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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

POEMA DE SETE FACES

Em 2002, estávamos ainda juntos, eu, Anderson e Lud, ensaiando sobre nossas coisas em cima do Rocinante (o cavalo do Don Quixote de La Mancha), não tínhamos espaço para ensaios. O palco do antigo cinema estava lá juntando cupins e traças, a relação com a Divisão de Cultura não existia, por divergências políticas. 
Eis o momento de falar sobre uma pessoa importante, naquela época conhecido, hoje, muito amigo, o Professor Giovani  Huggler.Trabalhando com teatro dentro da escola estadual onde leciona e sob sua iniciativa, construiu-se uma sala de espetáculos e para lá nós fomos com o projeto “Poema de Sete Faces”, baseado em poesias de Carlos Drummond de Andrade.
O centenário do poeta, comemorado naquele ano, rendeu-nos várias apresentações desse trabalho, com destaque para o recebimento do nosso primeiro cachê artístico, pago pela Prefeitura de São Roque e também para uma escultura de Don Quixote, presente de Armando Oliveira Lima, uma figura muito querida de Sorocaba, que para a gente foi um prêmio.
Unindo as canções de Milton Nascimento com as poesias de Drummond, a ênfase desse trabalho era o corpo do ator, o estudo do movimento, ainda bem empírico (não conhecia ainda Rudolf Laban), uma tentativa de acomodar o gesto a palavra e a palavra ao gesto.
A interpretação de Anderson para a poesia “Cantiga de Viúvo” é algo inesquecível... Pra quem não conhece, deixo-a de presente...
A noite caiu na minh´alma,
Fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
Veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.
Me abraçou com tanto amor
me apertou com tanto fogo
me beijou, me consolou.
Depois riu devagarinho,
me disse adeus com a cabeça
e saiu. Fechou a porta.
Ouvi seus passos na escada.
Depois mais nada...
acabou.

Eli Silva, Lud Santos e Anderson Ribeiro

   

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