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terça-feira, 29 de novembro de 2011

BELA MÚSICA EM VOLUME IDEAL


Espetáculo: Ditinho Curadô
Grupo: Grupo Teatral Nativos Terra Rasgada (Sorocaba – SP)
Boulevard São João, 23 de novembro de 2011.
Leitura crítica de José Cetra Filho

        Dois anos se passaram desde a apresentação de Zorobe pelo grupo de Sorocaba na Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas. Na ocasião apontei alguns problemas na encenação sendo que o principal era certa timidez que envolvia todo o espetáculo, o que me levou a metaforizar que eles tocavam uma bela música em volume muito baixo.
         Fiquei muito feliz em assistir ao novo trabalho do grupo e constatar que aquela timidez transformou-se em ousadia e criatividade, elevando o volume de sua música a um nível ideal.
         Apoiado num texto de João Bid que tem boa estrutura dramatúrgica além de uma história para contar, o grupo realizou um espetáculo gostoso de ver, sem abrir mão de mostrar certas mazelas da sociedade brasileira.
         A história é muito simples: Ditinho, um pobre diabo, mas muito esperto, recebe o dom de se comunicar com os santos e pedir a interferência dos mesmos na resolução dos problemas das pessoas. A partir daí começa a romaria dos necessitados: Mané desempregado, Dirce que tem problema de alagamento no barraco onde mora, um pai cujo filho está muito doente e assim por diante. Ditinho vê aí a oportunidade de tirar algum proveito da situação. Surge então um deputado para fazer uso do prestígio de Ditinho junto ao povo na campanha para eleição do prefeito da cidade. Aos poucos as estratégias e os milagres vão minguando, Ditinho é abandonado por todos e acaba totalmente só. 
       Como se vê o conteúdo da peça é bastante interessante e oportuno para o momento brasileiro; quanto à forma o diretor Tom Ravazoli optou por algo divertido de se ver, bem apropriado para a necessária rápida absorção do público de rua, mas sem abdicar da denúncia social e do amargo final da história. As confusões dos filhos Pedrinho e Rosinha, assim como, as peripécias de Ditinho para falar com os santos rendem boas gargalhadas e fui testemunha do riso aberto de gente simples que assistia à encenação. Outro ponto importante foi o grau de retenção do espetáculo: muita gente chegou após o início, mas pouquíssimos foram embora antes do término.
       Várias pessoas se manifestaram durante a apresentação, entre elas uma senhora simples conclamando a saída do prefeito Kassab e um rapaz (que acabou fazendo um longo discurso após o término da peça) que “cantou” uma espécie de lamento durante o monólogo final de Ditinho. Esses são exemplos contundentes da comunicação do espetáculo com o público a que ele se destina. A encenação estimula essa participação no momento em que coloca os atores no meio do público para questionar as atitudes de Ditinho.
         Por último, mas não menos importante, o trabalho do elenco. Rodrigo Zanetti dá um verdadeiro show na pele do Ditinho e praticamente não sai de cena durante todo o espetáculo: matreiro, ingênuo, humano, solidário, mas também oportunista, Rodrigo consegue mostrar todas essas facetas da personagem de maneira muito apropriada. João Mendes tem um timing excelente de comédia e faz um adorável Pedrinho, o mesmo podendo se dizer de Isabella Felipe como a brejeira Rosinha, que tem um momento delicioso vendendo doces para o público. Stefany Cristiny, que substituiu Carol Campos na apresentação em São Paulo, não parece uma substituta, pois domina muito bem o papel da mãe e de Mariazinha, a menina que vem pedir ao santo para não ir mais à escola. Finalmente, Flavio Melo se encarrega de vários papeis além de tocar alguns instrumentos, seu maior destaque aparece na pele do corrupto deputado. Em resumo, um elenco afiado que soube dar vida ao texto e que demonstra uma evolução bastante apreciável.  Como espectador e amante de teatro, sinto-me feliz e estimulado ao ver o progresso do simpático grupo de Sorocaba. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

PARA DANIELA CAMPOS

A MORTE DE MANÉ BUFÃO
Foto: Sérgio Henrique


Paulo Leminsk         
"AI DAQUELES..." 
         ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
          aqueles que deixaram
que a mágoa nova
          virasse a chaga antiga

          ai daqueles que se amaram
sem saber que é amar é pão feito em casa
          e que a pedra só não voa
porque não quer
          não porque não tem asa


Obrigada Dani, pela bela composição para a Totonha.
A CiadeEros te deseja toda sorte em novas criações... 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A MORTE DE MANÉ BUFÃO

"Considerando o rosto como espelho da alma, sede privilegiada da expressão humana, a máscara, nesse sentido, é um meio de identificação da personalidade, que revela as características interiores." (Amleto Sartori)

Se o teatro contemporâneo afirma cada vez mais a autonomia criativa do ator e a exploração de novos espaços cênicos, então, essas metas começam a ser perseguidas pela coordenação do trabalho da CiadeEros.
Encontramos na comédia italiana uma fonte prazerosa de estudos e prática. Recorremos ao uso de máscaras do tipo usado na commedia dell'arte (gênero iniciado no século XVI na Itália), para aprimorar o jogo corporal e vocal e ampliar a capacidade de improvisação dos integrantes da cia.
Com os auxílios luxuosos de Daniela Oncala que dividiu seus conhecimentos na confecção das máscaras e de Lélis Andrade que trabalhou com o grupo na preparação corporal e divide comigo a direção, o novo trabalho da CiadeEros fará sua estreia amanhã (11) no II Festival de Teatro Estudantil Vasco Barioni, que tem a coordenação de Amanda Sobral.
O grupo utiliza como texto base A Morte do Mané Bufão, de domínio público, baseado no Auto do Tranca Ruas de Tarso de Castro, que por sua vez, baseia-se no teatro do mamulengo (teatro de bonecos do Pernambuco).
Portanto, a aproximação com as máscaras italianas que fixa tipos, que é universal, junta-se nessa montagem ao que é provinciano, no sentido de termos trazido para o ambiente caipira uma tradição da cultura nordestina, ou seja, busca-se um resultado inteiramente brasileiro.
Resumindo: o que se procura, além de um crescimento artístico e pessoal para os integrantes da cia é também uma experiência de apresentação em espaços dos mais variados, desde o tradicional palco à italiana (do qual carece a cidade de São Roque) até os espaços alternativos (do qual é pródiga a cidade de São Roque).
Com esse trabalho, pretendemos abrir mais um espaço de apresentações na Brasital: uma praça linda atrás da Biblioteca, a qual apelidei de "Praça do Saci", já que tem lá um mosaico lindo dessa figura extraordinária da nossa cultura.
Mané que dá nome ao espetáculo é o tipo preguiçoso, dono de fantástica prodigalidade na invenção de desculpas para não trabalhar.
Totonha, mulher de Mané, tão esperta quanto ele, se verá frente a frente com a Morte e colocará em xeque o destino do marido e decidirá o curso dessa estória.
Sendo a máscara, a principal atenção da pesquisa do grupo, são elas determinantes para toda a movimentação cênica, dadas a partir das máscaras de: Arlequim, Briguela, Capitão, Pantaleão e Ragonda .
É uma mistura complicada de se entender?..
Então, assistam a Morte de Mané Bufão e a CiadeEros tentará explicar...Capice?  


Elenco:

MANÉ BUFÃO: Renan Martins
TOTONHA: Daniela Campos
ARLEQUIM: Beatriz Nascimento
BRIGUELA: Rodolpho Heinz/Lélis Andrade
CAPITÃO: Ana Claudia Oliveira
PANTALEÃO: Itamar Spira
RAGONDA: Dayane Canavezi


APOIO: DIVISÃO DE CULTURA DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE SÃO ROQUE



Agenda:
Dia 11/11/2011 = Emef Barão de Piratininga às 20 horas
Dia 13/11/2011 = "Praça do Saci" na Brasital às 18 horas