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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ELENCO DE ERA UMA VEZ...

João e Maria Ninguém = Renan Ribeiro e Carol Garcia

Alguém = Matheus Pezzotta

“(...) um teatro só é
autêntico quando revela ou leva à cena os autores de seu país, quando descobre,
compara ou estimula os talentos novos e os jovens." Paschoal Carlos Magno 

Tenente = Juh Marquês

Beltrana, Fulana e Sicrana = Dani Campos, Karina Soares e Gayby Pinho

Velhas = Bia Paloma e Rodolpho Heinz

Neném = Fabrício Morais

Mocinhos e Mocinhas = André Nogherini, Fernando Ramires, Kelly Miranda, Lais Valente
Mayara Leite, Rafaela Morais e Thais Castro

ESTRÉIA DE ERA UMA VEZ...


Após seis meses de ensaios, entre acertos e erros, estreamos no dia 04/12/2010 no salão Regente Gentil na Brasital, a peça de Vitor Gabriel Martinez.
A encenação desenhada por mim tem aspectos mais sombrios com relação à montagem de "Vitinho", que vimos no Festival Estudantil em 2009, segundo Amanda Sobral, que também foi júri nesse festival. 
E não poderia ser diferente e aí reside a beleza do teatro, essa arte do efêmero. Mesmo que se tente fazer uma cópia, é impossível falsificar o original.
O autoritarismo é o tema central da peça. Era uma vez, conta a história de João Ninguém, um rapaz pobre, que em busca de uma vida mais digna, sai de sua terra natal com destino ao país fantástico, país comandado por um “tal” Senhor Poder. 
Muitas surpresas o aguardam, até mesmo um final inesperado.
Texto: Vitor Gabriel Martinez
Encenação: Lisa Camargo
Figurinos: CiadeEros
Maquiagem: Gabrielle Pinho e Denise Arisa
Canções originais: Matheus Pezzotta e Vitor Gabriel
Trilha: Lisa Camargo
Fotos: Beatriz Marques



CIAdeEROS E CIA.CAPADÓCIA

Novamente pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria do Estado da Cultura (PROAC), recebemos em São Roque a Cia.Capadócia da zona norte de São Paulo, no dia 13/11/2010.
A Cia.Capadócia dedica-se a produção de Circo-Teatro, coletando textos na tradição oral e utilizando como linguagem o palhaço. Além da produção dos espetáculos a companhia desenvolve o projeto "Circo Paratodos", o primeiro circo sem estacas do país com capacidade para 300 pessoas. Com tamanho equivalente ao de uma quadra de basquete, a casa de espetáculos ambulante pode estacionar em estacionamentos de shoppings, hipermercados e principalmente escolas. Além do repertório, o projeto abrirá espaço para outros grupos e artistas e trará uma programação composta por outras vertentes das artes.
Naquela tarde, acompanhamos a montagem do cenário, fizemos o aquecimento com o grupo e conversamos sobre as dificuldades e alegrias do trabalho de coletivos teatrais, além de aprendermos um pouco sobre a história do Circo-Teatro no Brasil.
Abraços para o pessoal da Cia.Capadócia que com a ajuda de custos recebida como contrapartida do projeto, contribuiu com a CiadeEros para a sua primeira “malinha” de maquiagem.

HISTÓRIA DE PRINCESA

“O que é arte e o que é entretenimento? Quando uma época não consegue distinguir entre uma coisa e seu contrário, essa é uma época de barbárie...” (Teixeira Coelho)

Conheci uma garotinha lá pelos idos de não sei quando, numa oficina de Arte e Educação com Fernando Lomardo em Sorocaba chamada Daiana Coelho. Ela era tão criança e eu tão adulta que não estabelecemos amizade nessa época.
Passado um tempo, fui conhecê-la melhor através de seu trabalho como atriz no grupo Nativos e a partir daí pude usufruir algumas vezes de suas cenas e de sua amizade. Tratamos-nos agora pelo despretensioso apelido de “Perfeitas”.
Daiana é um tipo de atriz que tem digital artística, que sabe distinguir bem arte de entretenimento.
História de Princesa, um monólogo precioso criado por ela, e acompanhado da percussão e da direção de Tom Ravazolli, ganhou o 1° lugar no FESPIMA de 2009 e foi representante da cidade de Sorocaba na fase regional do Mapa Cultural Paulista desse ano.
Atendendo a um convite meu, a dupla apresentou-se no 1° Sarau do Templo Guaracy das Artes de São Roque em julho de 2010, cujo “Maestro” é Paulo Moraes, de quem já falei em outro espaço deste blog.

Nesse terreno sagrado, Daia e eu abraçadas choramos feito crianças. Choramos pela certeza de que a Arte é coisa dos Deuses e que nós somos apenas um nada a procura de tudo...
Em seu novo trabalho com a Cia Teatro de Fulô, Paó, a “perfeita” continua na trilha do nada, declarando: “Agô a todos os orixás, que nossa vibração cubra nosso estado republicano, atinja todo o oriente, contagie as Américas e a África. Dionísio nos acompanhe nessa aventura, por que estamos apenas começando.”
Em outro momento escreverei sobre esse espetáculo que cumpriu temporada neste mês de fevereiro na Oficina Grande Otelo, aqui eu só queria falar sobre Daia...

INTERVENÇÃO TEATRAL LARGO DOS MENDES

É a convivência de todos numa praça ou mesmo nas ruas que faz com que elas sejam efetivamente de todos. E o teatro de rua é um dos instrumentos para isso.” (Dorberto Carvalho)

Não tenho experiência em teatro de rua como meus amigos do Nativos Terra Rasgada de Sorocaba, mas uma oportunidade bacana surgiu pra CiadeEros em julho de 2010.
Na programação do “Inverno no Largo do Artista e Artesão”, promovido pela Prefeitura da Estância Turística de São Roque, fomos convidados a participar e a louca aqui topou, pois tinha a intuição que um trio cara-de-pau (Juh Marques, Rodolpho Heinz e Thiago Vecchiotti) daria conta do recado (e deu!).
Com mais alguns convidados, na tarde do dia 21/07, fizemos uma festa no Largo dos Mendes. 
Matheus Pezzotta e Karina Soares
"Eu sei que vou te amar"
Tema da peça Era uma vez...

Rodolpho, Juh e Xiba em uma paródia da "Santa Ceia"

Xiba, Juh e Rodolpho em paródia do repórter
Marcelo Rezende

Juh, Xiba e Rodolpho em paródia do grupo inglês
Monthy Python

Nossa musa Luana Matos

Alexandre Viana
Convidado Especial 
Cia Clown Clown


QUADRILHA DA CIAdeEROS

ERA UMA VEZ...

Aprendi na prática e também com o livro “O Jogo Teatral no Livro do Diretor” de Viola Spolin, que para a escolha de uma peça é recomendável que a direção responda as seguintes questões:
Quem será a platéia?
Qual a habilidades dos meus atores?
Tenho equipe técnica para dar conta dos efeitos que a peça exige?
É uma peça que eu posso dar conta?
Será apenas uma palestra com figurino (moralizadora)?
A peça responderá ao meu trabalho?
Vale a pena fazer essa peça?
A peça é teatral?
Será uma experiência criativa para todos?
Será divertido fazê-la? Vai funcionar?
É psicodrama?
Tem bom gosto?
Propiciará uma experiência nova? Provocará o pensamento individual, e, portanto trará insight para a platéia?
As partes (pulsações e/ou cenas) da peça estão construídas de modo que possam ganhar vida?
Em 2009, fui convidada para ser júri no 4° Festival de Teatro Estudantil da Zona Norte de Sorocaba, que teve a participação de 14 escolas públicas. Os principais prêmios foram dados para a peça “Era uma vez uma democracia”, cujo autor e diretor, Vitor Gabriel Santos Martinez (o Vitinho, como é conhecido em Sorocaba), tinha apenas 17 anos.
Eu, particularmente, fiquei encantada com o texto e com a encenação e entre as opções dadas para a CiadeEros, incluí esse texto, que após discussões acabou sendo o escolhido para a nossa primeira montagem, pois respondia positivamente a todas as questões acima. Com a devida autorização do autor, demos início em maio de 2010 aos ensaios.
CIAdeEROS com Vitor Gabriel

domingo, 27 de fevereiro de 2011

CIAdeEROS E GRUPO ENCENA

<i>Os Ossos do Barão</i>, clássico da dramaturgia moderna brasileira
Grupo Encena em "Os Ossos do Barão"  
Em maio/2010, já "constituídos" como grupo, recebemos o ENCENA, da zona oeste de São Paulo, que apresentou na Brasital a peça "Os Ossos do Barão" de Jorge Andrade (1922-1984).
Beneficiados pelo Programa de Ação Cultural (PROAC) da Secretaria do Estado da Cultura, é comum que os coletivos teatrais ofereçam como contrapartida em seus projetos, uma troca de experiências com os grupos locais.
O diretor do Encena, Orias Elias e seu assistente Walter Lins, relataram nessa oportunidade, todo o percurso dos 13 anos de carreira do grupo e desenvolveram uma atividade com a proposta de orientar os jovens integrantes da companhia sobre as etapas necessárias para a montagem de uma peça.
Toda a experiência, por certo, é bastante significativa, principalmente para um grupo de iniciantes. Estávamos naquele momento em fase da escolha de texto para a nossa primeira montagem e esse contato foi valioso, por apontar uma das qualidades imprescindíveis na opção por grupo: a organização.
Abraços para o pessoal da Cia. de Teatro Encena...



CIAdeEROS na Oficina com Cia de Teatro Encena



CHUVA OBLÍQUA

“O Teatro Gestual trabalha com a manifestação da alma, com a verdade, com a essência do concreto, com as emoções, intuições e com a sensibilidade de transformar o tosco em suave.”

Sempre ávida por conhecer e interessada em aprender na prática algo que estudava teoricamente, me inscrevi numa Oficina de Teatro Gestual, ministrado por Elisa de Oliveira, formada em Artes Cênicas pela Escola Superior de Arte Dramática de Madrid, em 2009.
Nesse ano trabalhava como coordenadora do Projeto Guri no polo de São Roque, junto à Divisão de Cultura, e não havendo nenhuma atividade teatral naquele momento, ofereci uma oficina para as férias de janeiro/ 2010, com foco no público adolescente para experimentar meu aprendizado no Teatro do Gesto.  
Do resultado dessa oficina, nasceu Chuva Oblíqua, inspirado em Pessoa, inspirado no silêncio, inspirado no corpo e na LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
Sabemos que não há regras na arte, mas a soma de poesia, música boa e corpos desenhando o espaço é uma fórmula que sempre dá certo, pelo menos, a meu ver...
Nascia também desse trabalho um encontro de pessoas muito especiais, com vontade de boa companhia, de rir e de chorar e de se irritar juntos, bons motivos para a formação de um grupo de teatro.
Diz os versos da poesia de Matheus Pezzotta, composta depois de Chuva Oblíqua: “o amor é um teatro gestual”, assim, da soma do amor e do gesto nasceu a CiadeEros. Isso já tem mais de um ano e já temos muitas histórias, que irei contando a partir dos próximos espaços.

P.S: Declaro obrigatória a leitura de Qualquer ou de Todos os poemas de FERNANDO PESSOA.

Chuva Oblíqua
26/02/2010

obs: Chuva Oblíqua foi apresentada também na Festa de 15 anos da ADAS (Associação Deficientes Auditivos de São Roque)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FESPIMA

O Festival de Performance Individual de Mairinque (FESPIMA) foi realizado no mesmo formato nos anos de 2006, 2007,  2009 e 2010.
Idealizado pelo professor Giovani Huggler da Rede Estadual de Educação, é mantido e administrado com recursos do professor.
Na sua concepção, o FESPIMA foi pensado se valendo do “boom” teatral ocorrido em 2005, quando três encenadores da cidade de Mairinque (que mantinham seus grupos de teatro independentes do poder público) e uma profissional de dança contemporânea, começam a trabalhar juntos na Escola Municipal de Artes (EMART).
A demanda por interessados em Artes Cênicas cresce, assim como o debate entre a classe e novos espaços são direcionados e ocupados para a cena.
A opção pela denominação Festival de Performance Individual teve duas razões principais:
A primeira está ligada ao fato de uma série de artistas que atuavam em grupos, reivindicarem espaço para suas experiências individuais.
A segunda, porque verificava-se em 2006, nos trabalhos dos grupos existentes e no centro de formação (EMART), montagens totalmente apoiadas na dramaturgia, ou seja, com uma limitação estético-qualitativa.
Como conduta artística, a denominação “performance” foi trazida no sentido de “experimentação”. A organização do evento pretendia algo anárquico, ou seja, privilegiava-se a espontaneidade, a liberdade de criação, a autonomia.
Na realização dos anos 2006, 2007, 2009 e 2010, o FESPIMA, teve o seguinte formato:
·         Para “acolher” o maior número de artistas, foi delimitado um tempo máximo de apresentação de 20 minutos;
·    Três dias de festival: dois para as apresentações e o último para uma apresentação de espetáculo convidado e premiação (troféus para os três primeiros lugares);
·         O palco das quatro edições foi o auditório da Escola Estadual Professora Maria de Oliveira Lellis Ito, com capacidade de 114 lugares;
·         Nestes quatro anos de existência foram apresentados espetáculos com temas diversificados por amadores e profissionais;
E neste ano tem mais...
Daia Coelho, Guilherme Beraldo e Lisa Camargo
Fespima 2010

ABRAÇANDO QUIXOTE

“Jamais abandonar o dom que te seduz.” (Lula Barbosa)
Viver com arte e para a arte é uma busca na minha vida e se tenho algo a ensinar, esse é o meu tema principal. Viver de teatro é para poucos, mas alimento um sonho em ter um coletivo teatral profissional, pra não perder mais pessoas, que precisam abandonar o dom por questões mais urgentes da vida. Obs.: Esse recado foi para Anderson Ribeiro.  
Os 10 anos do grupo Abraçando Quixote, contando os anos pela primeira montagem, foi comemorado em 2007, com a intervenção teatral “Me dá um abraço?” pelas ruas da cidade. Era a finalização de uma oficina de Máscara Neutra que eu tinha coordenado naquele ano, ainda pela EMART, para Carlos Martins, Janaina Giorni e Lelis Andrade.

Na programação da Divisão de Cultura de São Roque, em março/2008, apresentamos “Monólogos Impertinentes”, no Museu Darcy Penteado. Anderson, Janaína e Lelis apresentaram trabalhos solos premiados no FESPIMA (Festival de Performance Individual de Mairinque).
O Museu Darcy Penteado foi palco também para nossa apresentação de uma reedição dos poemas de Brecht, em maio/2009, dentro da programação da 7° Semana Nacional de Museus. Carol Castro, Gabriela Jordão, Luane Baptista, Maria Fernanda e Matheus Pezzotta, apresentaram-se como grupo Abraçando Quixote.

E, finalmente, trabalhamos ao longo do ano de 2009, com o objetivo de pesquisa da máscara do clown. 
Nessa viagem, estiveram comigo Alexandre Vianna e Lelis Andrade efetivamente e de passagem pelo processo: Alan Ribeiro, Amanda Sobral, Francis Camargo, João Guilherme e Outroluiz. 

 E continuo sonhando...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MUITO ALÉM DO CRÉU

Ainda em 2008, o grupo Argonautas Cia Cênica voltava para a minha coordenação, em função do desligamento de Huggler da Escola Municipal de Artes, para contribuir com a política local. Naquele ano haveria eleições, e Giovani candidatou-se a vereador por um partido de oposição ao executivo, o qual buscava sua reeleição.
Era um momento para definições. A cena cultural na cidade havia dado um salto, é certo, mas a questão: “o que está abaixo ou acima de nossos princípios?” deveria ser respondida ao final do pleito.
Estudávamos a possibilidade de montarmos uma peça de Bertold Brecht (1898-1956), mas provocada por seus poemas, e percebendo o potencial para o canto de algumas integrantes do grupo, resolvi organizar um exercício cênico utilizando alguns poemas de BB e canções selecionadas pelo elenco.
Convidei Matheus Pezzotta e seu violão, filho de queridos amigos, hoje ele, um querido amigo que me acompanha nas aventuras teatrais.
Apresentamos em julho o “show” intitulado Muito além do créu (uma ironia com uma “musiquinha” da moda), dentro do Enarc (Encontro Artístico e Cultural de Mairinque).
Esse foi meu último trabalho como prestadora de serviços para a Escola de Artes Municipal. 
A questão acima foi respondida por mim: continuar estaria abaixo de alguns dos meus princípios e muito acima de outros...       

O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o  preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante. E o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista,pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. (Bertold Brecht)

  

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

UM RAIO DE SOL ATRAVÉS DA CHUVA

No centenário da Imigração Japonesa em 2008 recebi a tarefa de produzir um espetáculo para a inauguração do jardim japonês no Parque Municipal.
A “louca” aqui teve a idéia de reproduzir uma cena do filme Sonhos (Yume) do cineasta japonês Akira Kurosawa (1910-1998). Yume é um filme antológico de 1990, baseado em sonhos verdadeiros que o cineasta teve em momentos diferentes de sua vida. O filme divide-se em 8 histórias distintas, unidas pelo mesmo tema. Recomendo para quem ainda não tenha assistido...
Uma Oficina-Montagem foi especialmente desenvolvida por mim para transpor para a cena o primeiro episódio do filme: “Um raio de sol através da chuva”, cuja sinopse é a seguinte.
Há uma antiga lenda japonesa que diz que quando o sol está brilhando através da chuva, as raposas (Kitsune) se casam. Um garoto desacata o desejo de uma mulher, possivelmente sua mãe, para permanecer em casa durante um dia com tal clima. Escondido atrás de uma árvore na floresta, ele é testemunha de um lento processo de matrimônio do Kitsune. Infelizmente, ele é descoberto por uma raposa e foge. Quando ele tenta voltar para casa, a mulher diz que a raposa tinha vindo até a casa e deixado uma espada curta. A mulher diz que isso significa que o garoto deve se suicidar porque as raposas estão bravas com o observador indesejado. Então, o garoto sai a caminho das montanhas, em direção ao lugar sob o arco-íris na procura da casa das raposas para desculpar-se.
Cena do filme Sonhos

Reuni para esse trabalho ex-Quixotes (Lud Moma, Lucas Bertolini e Patricia de Camargo), ex-Argonautas  (Ana Claudia Oliveira, Carlos Martins, Lelis Andrade e Lilian Muzel), novos Argonautas (Elen Oliveira e Maria Fernanda)e as Meninas (Janaina Giorni, Luciana Galvão e Natalia Negro). Antonio Victório cuidou da cenografia (pesquisa das máscaras das raposas e criação de uma chuva artificial). Participações de Dra Elizabete (mãe) e Gabriel (menino).
Foi um trabalho gratificante em vários aspectos: a reunião de um elenco que já fazia parte da minha história teatral em diferentes grupos, a pesquisa do teatro oriental, tão diverso do ocidental e da experiência de uma apresentação ao ar livre.           
Cena "Um raio de sol através da chuva"

Cena "Um raio de sol através da chuva"







sábado, 19 de fevereiro de 2011

JOGOS ECOLÓGICOS

Enfrentei um desafio enorme em 2007 em função da nossa decisão, professores da Escola de Artes, de fazermos um revezamento na condução dos grupos, dando oportunidade aos alunos de experimentar direções diferentes.
Assim o Argonautas Cia Cênica ficou sob a coordenação de Giovani Huggler, o Artikulados com Antonio Victório e o grupo Alegria (formado em 2006 por Huggler), ficou comigo. Ocorre que crianças nunca fizeram parte dos meus planos, o grau de responsabilidade na formação do adolescente é uma, com esse público é o dobro, exige didática e metodologia diferente.
Confesso que não foi uma experiência divertida pra mim e acredito ter errado muito pra acertar um pouco...
Investi na metodologia da americana Viola Spolin e seus Jogos Teatrais, uma “febre” na área de Arte e Educação no Brasil, a partir dos anos de 80. E a partir de jogos tradicionais do universo infantil, criamos um exercício cênico que tinha a proposta de conscientização para preservação do meio ambiente.
O elenco reunia 14 crianças de 7 a 12 anos e na estréia em outubro, novamente ocupando o espaço do antigo cinema (antes da reforma), distribuímos sementes de ipê para o público presente.
As crianças podem e devem ser atores em peças para crianças. O observador médio infelizmente tem um padrão muito baixo do desempenho infantil. Imitação de estereótipos adultos, exibicionismo e esperteza são muitas vezes confundidos com talento. Não há necessidade de distorcer a criança por meio da imitação do adulto. E nem é necessário (para evitar este problema) limitar a sua expressão teatral ao jogo dramático bem ajeitado.” (Spolin)



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A VER ESTRELAS

Para o ano de 2006, a montagem escolhida para o grupo Argonautas Cia Cênica foi a peça A Ver Estrelas, de João Falcão, um belíssimo texto que ousei adaptar para um estudo da commedia dell’arte, partindo da premissa que um bom texto oferece várias possibilidades de leitura.
O aprofundamento artístico fazia-me cada vez mais entender, que o teatro que eu buscava era de uma estética não realista e não psicológica e a busca por teorias relacionadas a isso se abriram na minha experiência teatral. A paixão pelo diretor russo Meyerhold (1874-1940) se deu no ano anterior, a partir da leitura sobre sua vida e obra e desde então, minhas opções na direção foram ampliadas, com foco principalmente no movimento físico do ator no espaço.
A Ver Estrelas foi uma experiência ímpar nesse sentido. Apesar de um elenco jovem (a maior parte vinda da montagem anterior), tínhamos muita sintonia, com destaque para Lelis Andrade que foi protagonista no papel de Pierrot e começava a dividir comigo, as mesmas angústias artísticas. Ele era incansável na busca do gesto e da palavra perfeita para a sua personagem e tenho orgulho de ter contribuído na sua certeza de que ser ator era o seu futuro.
Dizia Meyehold: Não é perigosa a imitação para um jovem artista. Trata-se de um degrau quase obrigatório. Para os jovens é útil copiar os bons modelos: isto os dispõe a independência interior. A imitação de um artista de quem nos sentimos próximos permite a definição total...”
No tempo da preparação de Pierrot, Lelis tinha como modelo Charles Chaplin. 
Neste ano, Lelis Pierrot finaliza a primeira etapa na concretização de seu sonho, concluindo sua graduação em Artes Cênicas e já atua como professor de teatro. 
A Ver Estrelas cumpriu temporada na Estação Ferroviária de Mairinque, participou da 2° Mostra de Teatro de Tietê e foi vencedora na fase municipal do Mapa Cultural Paulista, edição 2007/2008.  

Nota: A fase municipal do Mapa Cultural Paulista foi realizado no antigo cinema (ainda não reformado). O teatro da cidade voltaria a ocupar o espaço que sempre foi seu por direito, uma herança deixada por Alfredo Ercolano Giuseppe Bertolini, pioneiro da cena teatral de Mairinque.
Obrigada velho Mestre...  

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FEITIÇO DOS DEUSES

O ensino gratuito de teatro promovido pela Escola de Artes Municipal (EMART) foi um avanço para essa arte, já que as administrações culturais anteriores sempre privilegiaram música e dança.
Em 2005, Antonio Victório (Trupe da Vila), Giovani Huggler (Theatron) e eu do Abraçando Quixote, assumimos o direcionamento do teatro na cidade. Como nossa história estava ligada ao de liderança de coletivos teatrais, criamos três grupos dentro da Emart, com coordenações independentes, mas colaborativo nas montagens.
A questão do espaço ainda era um problema. O antigo cinema continuava desativado e na própria Emart não havia espaço para nossas atividades. Assim, optei em ocupar um patrimônio histórico: a estação ferroviária, primeira construção em concreto armado do Brasil, enquanto Antonio e Giovanni levaram suas turmas para o espaço da escola estadual que Giovanni havia conquistado (como já informei em outro artigo).
Nossas decisões quanto a condução dos grupos foram bem acertadas: a experimentação de linguagens (teatro de sombras, bonecos...) coube ao Cem Nomes Cia de Bonecos, dirigido por Antonio, o estudo de textos da dramaturgia brasileira era o foco do Artikulados, coordenado por Giovani e para o Argonautas Cia Cênica, o estudo na linha do tempo histórico do teatro ocidental.
Para a montagem de Feitiço dos Deuses, de Marilu Alvarez, que tem como tema os mitos gregos, o elenco reunia 18 pessoas e era a minha primeira experiência em direção para uma produção desse porte. Elenco numeroso, espaço não convencional para apresentação, trabalho com coros e inúmeras variáveis que resultou, com a união dos professores para um trabalho colaborativo, numa montagem muito bem sucedida.  
“A direção organiza a escritura cênica e por conseguinte determina em que direção a obra deve ser lida. É ela quem orquestra as inúmeras ações dos artistas na composição poética. Para que essa orquestração seja possível, é necessário que haja uma concepção que lhe sirva de estrela guia. Essa concepção não é necessariamente uma criação da direção, mas deverá ser assumida por ela. Se papel é justamente permitir que a idéia da obra germine e desenvolva-se em cada um dos artistas envolvidos, escolher caminhos poéticos que propiciem esse florescimento sem tolher nem atropelar os processos criativos desses artistas, ao contrário, propiciando sua instauração. O grande risco para o diretor é atropelar os processos, é querer realizar suas idéias sobre a montagem cedo demais, de maneira exterior e despótica, sem atenção e escuta para todos os elementos que compõe a obra – desde os artistas que com ele colaboram até o tema ou texto abordado.” (Roberto Mallet)
Destaquei o texto de Mallet para resumir o aprendizado que tive em Feitiço dos Deuses, que estreou em 23/10/2005 na Estação Ferroviária de Mairinque.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

PENETRAÇÃO NO POEMA DE SETE FACES

Uma confluência entre os planetas Júpiter e Saturno alterou os rumos da minha carreira no ano de 2005. Fui convidada a dar aulas de teatro na Escola de Artes em Mairinque.
Para quem não me conhece bem, devo acrescentar que sou muito “c de f” em algumas questões, então naquele momento, deixando a condição de direção de um grupo para assumir a responsabilidade de ser professora, exigiria que eu estudasse e aprendesse. Nada demais já que vou morrer com um livro nas mãos...
Além dos estudos de metodologias diversas me inscrevi numa Oficina de Direção Teatral no Senac Lapa e foi bem bacana, principalmente porque era a única mulher da turma, e como disse Stela Fischer, a orientadora da oficina na nossa “formatura”, o olhar feminino na direção é bem diferente do masculino.
Ao fim do curso organizamos uma Mostra, onde cada um levou para o palco uma cena sob sua direção e eu apresentei Penetração no Poema de Sete Faces com o Abraçando Quixote, tendo no elenco Anderson, Lud e Tom Ravazolli (convidado).
A alteração no título, que era uma nova versão do trabalho de 2002, deveu-se a um poema de Elisa Lucinda, dedicada a Carlos Drummond de Andrade, que divido com vocês...
Ele entrou em mim sem cerimônia
Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu
Na primeira fala eu já falava como se fosse meu
O poema só existe quando pode ser do outro
Quando cabe na vida do outro
Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada
Há apenas frases e desabafos pessoais
Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz
A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas
Te amo porque nunca nos vimos
E me impressiono com o estupendo conhecimento
Que temos um do outro
Carlos, me escuta
Você que dizem ter morrido
Me ressuscitou ontem à tarde
A mim a quem chamam viva
Meu coração volta a ser uma remington disposta
Aprendi outra vez com você
A ouvir o barulho das montanhas
A perceber o silêncio dos carros
Ontem decorei um poema seu
Em cinco minutos
Agora dorme, Carlos.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AS MENINAS

Ainda em 2004, Paulo Moraes me convidou para fazer assistência de Direção para a peça “As Meninas”, romance de Lygia Fagundes Telles. 
Antes de relatar sobre essa experiência é preciso falar um pouco sobre Paulo. Essa “figuraça” entrou na minha vida no ano anterior, quando foi júri na fase municipal do Mapa Cultural Paulista e nos tornamos amigos unidos pela arte...
Ele e Dinei vindos de São Paulo, escolheram São Roque para viver, não tranquilamente, mas sim com um propósito firme de interferir na vida cultural da cidade e, conseguiram, por tantas e tantas coisas que só cabe aqui relatar a parte que me toca.
Com relação ao teatro, Humberto Gomes tinha deixado a cidade com destino à Curitiba para voar mais alto e tinha deixado como saldo um vazio e, vários órfãos dessa arte. O grande pai Moraes, foi lá e adotou três meninas: Janaina Giorni, Luciana Galvão e Natália Negro (Dani Oncala também seria adotada, mas a Universidade Estadual de Londrina comprou o passe de Dani).
O Abraçando Quixote devia estar de ressaca nessa época, então Paulo convidou-nos: eu, Anderson e Lud (que já era mãe a essa altura) para integrar esse grupo que não chegou nem a ter um nome, tal o samba do crioulo doido que se criou (Paulo sabe mexer um caldeirão como poucos...).
Ocupamos as dependências do São Roque Clube para ensaios, e eram ótimos. Fui testemunha de tanta coisa bonita e forte, que Paulo como psicodramaticista, arrancava do elenco com tal força que seria lindo, caso tivesse ido para os palcos...
São tantas as lembranças, mas só quero destacar uma, em agradecimento ao Paulo Moraes...
Numa certa tarde desse ano, recebemos a visita num dos ensaios de Adélia Nicoletti, adaptadora da obra de Lygia para teatro e seu marido, que não era (e continua sendo) nada mais nada menos que Luis Alberto de Abreu
Alguém sabe quem é? Eu também não sabia...
Um dos maiores dramaturgos brasileiros da atualidade...
Há de chegar o dia em que terei o gosto bem gostado de encenar um texto dele e deixar meu amigo Paulo ainda mais feliz por isso...


 "Ana Clara, não envesga", disse Irmã Clotilde na hora de bater a foto. "Enfia a blusa na calça, Lia, depressa. E não faça careta, Lorena, você esta fazendo careta!"  A pirâmide.
As meninas 

QUIXOTE CONTA A PLURALIDADE

Devidamente premiados (muitos risos), fomos convidados a fazer a abertura do ano letivo para os professores da rede municipal de ensino de São Roque e alcançamos em fevereiro de 2004 nosso maior público: cerca de mil pessoas com uma peça direcionada para a Educação.
A aproximação no ano anterior com Humberto Gomes, que desenvolvia um excelente trabalho em teatro na Divisão de Cultura, proporcionou um encontro feliz no palco entre dois atores fabulosos (ele e Anderson) com Luciana Galvão, uma querida, em quem tenho vontade de dar uns tapas por ter deixado de fazer teatro. Janaina Giorni, outra garota da trupe do Humberto se encarregou da operação de som e luz.
Coube a mim coordenar o projeto, reunindo textos de ótimos escritores nacionais para tratar de preconceito, diversidade cultural brasileira, assim como aspectos da cultura são-roquense. Novidade nessa encenação foi o uso de um telão, reproduzindo algumas imagens que dialogavam com a cena no palco.
Foi uma apresentação inesquecível, com muitos aplausos em cena aberta...
E por falar em aplausos, me bateu uma curiosidade e numa pesquisa rápida pelo Google, compartilho o que considerei interessante...
Qual é a origem do aplauso?

O ato de bater as palmas das mãos em sinal de aprovação tem origem desconhecida, mas existe há pelo menos 3 000 anos. Nessa época, o gesto era essencialmente religioso popularizado em rituais pagãos de diversos povos como um barulho destinado a chamar a atenção dos deuses. No teatro clássico grego, tornou-se, então, a forma pela qual os artistas pediam à platéia que invocasse os espíritos protetores das artes. O costume chegou ao Império Romano, onde passou a ser comum nos discursos políticos. Preocupado com a repercussão de suas aparições públicas, o imperador Nero carregava uma claque com mais de 5 000 soldados e cavaleiros. Dali, o costume espalhou-se para o resto do mundo. Nos séculos XVIII e XIX, quase todos os teatros de Paris contratavam pessoas que tinham uma única função na platéia: aplaudir. O truque continua utilizado até hoje pelas emissoras de TV, especialmente em programas de auditório. (mundoestranho.abril.com.br)

Desconfio que espantamos os espíritos protetores das artes a cada vez que aplaudimos algo sem qualidade...  

Foto escaneada de jornal, não tenho outra...