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sábado, 12 de fevereiro de 2011

PENETRAÇÃO NO POEMA DE SETE FACES

Uma confluência entre os planetas Júpiter e Saturno alterou os rumos da minha carreira no ano de 2005. Fui convidada a dar aulas de teatro na Escola de Artes em Mairinque.
Para quem não me conhece bem, devo acrescentar que sou muito “c de f” em algumas questões, então naquele momento, deixando a condição de direção de um grupo para assumir a responsabilidade de ser professora, exigiria que eu estudasse e aprendesse. Nada demais já que vou morrer com um livro nas mãos...
Além dos estudos de metodologias diversas me inscrevi numa Oficina de Direção Teatral no Senac Lapa e foi bem bacana, principalmente porque era a única mulher da turma, e como disse Stela Fischer, a orientadora da oficina na nossa “formatura”, o olhar feminino na direção é bem diferente do masculino.
Ao fim do curso organizamos uma Mostra, onde cada um levou para o palco uma cena sob sua direção e eu apresentei Penetração no Poema de Sete Faces com o Abraçando Quixote, tendo no elenco Anderson, Lud e Tom Ravazolli (convidado).
A alteração no título, que era uma nova versão do trabalho de 2002, deveu-se a um poema de Elisa Lucinda, dedicada a Carlos Drummond de Andrade, que divido com vocês...
Ele entrou em mim sem cerimônia
Meu amigo seu poema em mim se estabeleceu
Na primeira fala eu já falava como se fosse meu
O poema só existe quando pode ser do outro
Quando cabe na vida do outro
Sem serventia não há poesia não há poeta não há nada
Há apenas frases e desabafos pessoais
Me ouça, Carlos, choro toda vez que minha boca diz
A letra que eu sei que você escreveu com lágrimas
Te amo porque nunca nos vimos
E me impressiono com o estupendo conhecimento
Que temos um do outro
Carlos, me escuta
Você que dizem ter morrido
Me ressuscitou ontem à tarde
A mim a quem chamam viva
Meu coração volta a ser uma remington disposta
Aprendi outra vez com você
A ouvir o barulho das montanhas
A perceber o silêncio dos carros
Ontem decorei um poema seu
Em cinco minutos
Agora dorme, Carlos.


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