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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FEITIÇO DOS DEUSES

O ensino gratuito de teatro promovido pela Escola de Artes Municipal (EMART) foi um avanço para essa arte, já que as administrações culturais anteriores sempre privilegiaram música e dança.
Em 2005, Antonio Victório (Trupe da Vila), Giovani Huggler (Theatron) e eu do Abraçando Quixote, assumimos o direcionamento do teatro na cidade. Como nossa história estava ligada ao de liderança de coletivos teatrais, criamos três grupos dentro da Emart, com coordenações independentes, mas colaborativo nas montagens.
A questão do espaço ainda era um problema. O antigo cinema continuava desativado e na própria Emart não havia espaço para nossas atividades. Assim, optei em ocupar um patrimônio histórico: a estação ferroviária, primeira construção em concreto armado do Brasil, enquanto Antonio e Giovanni levaram suas turmas para o espaço da escola estadual que Giovanni havia conquistado (como já informei em outro artigo).
Nossas decisões quanto a condução dos grupos foram bem acertadas: a experimentação de linguagens (teatro de sombras, bonecos...) coube ao Cem Nomes Cia de Bonecos, dirigido por Antonio, o estudo de textos da dramaturgia brasileira era o foco do Artikulados, coordenado por Giovani e para o Argonautas Cia Cênica, o estudo na linha do tempo histórico do teatro ocidental.
Para a montagem de Feitiço dos Deuses, de Marilu Alvarez, que tem como tema os mitos gregos, o elenco reunia 18 pessoas e era a minha primeira experiência em direção para uma produção desse porte. Elenco numeroso, espaço não convencional para apresentação, trabalho com coros e inúmeras variáveis que resultou, com a união dos professores para um trabalho colaborativo, numa montagem muito bem sucedida.  
“A direção organiza a escritura cênica e por conseguinte determina em que direção a obra deve ser lida. É ela quem orquestra as inúmeras ações dos artistas na composição poética. Para que essa orquestração seja possível, é necessário que haja uma concepção que lhe sirva de estrela guia. Essa concepção não é necessariamente uma criação da direção, mas deverá ser assumida por ela. Se papel é justamente permitir que a idéia da obra germine e desenvolva-se em cada um dos artistas envolvidos, escolher caminhos poéticos que propiciem esse florescimento sem tolher nem atropelar os processos criativos desses artistas, ao contrário, propiciando sua instauração. O grande risco para o diretor é atropelar os processos, é querer realizar suas idéias sobre a montagem cedo demais, de maneira exterior e despótica, sem atenção e escuta para todos os elementos que compõe a obra – desde os artistas que com ele colaboram até o tema ou texto abordado.” (Roberto Mallet)
Destaquei o texto de Mallet para resumir o aprendizado que tive em Feitiço dos Deuses, que estreou em 23/10/2005 na Estação Ferroviária de Mairinque.

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