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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AVISO DA LUA QUE MENSTRUA

Teatralizar poesias, um caminho encontrado em Drummond, parecia em 2003 ainda uma alternativa para o Abraçando Quixote, cabível na nossa maneira de fazer teatro: elenco pequeno, recursos parcos, mas pelo menos com espaço novo para ensaios (a garagem da casa do João Bid, meu companheiro e fã do nosso grupo).
Acho que foi pela TV que conheci a poesia da atriz e poeta capixaba Elisa Lucinda e considerando sua máxima: “o poema só existe quando pode ser do outro, quando cabe na vida do outro”, suas poesias passaram a ser nossas e as apresentamos, ainda como aperitivo, em março daquele ano na programação da semana da mulher, evento da Divisão de Cultura de São Roque.
Percebendo o potencial da poesia provocante e muito feminina de Elisa, idéias ousadas foram pintando com a entrada de Max Garibaldo no lugar de Lud que havia parado de menstruar, pois ficou grávida.
Para escrever sobre todo o significado desse trabalho, eu precisaria dividir em várias partes, mas tentando resumir, Aviso da Lua que Menstrua, foi uma montagem corajosa, por ter um sentido político, quero esclarecer: no subtexto, levantávamos a bandeira gay, sem militância e sem panfletagem.
Representamos a cidade de São Roque na fase regional do Mapa Cultural Paulista naquele ano e recebemos dois prêmios: Menção pela Contemporaneidade da Proposta Cênica e Melhor Ator para Anderson Ribeiro.
Transcrevo a justificativa do júri para o nosso prêmio: “A incerteza e a arte sempre andam juntas. As renovações artísticas e as obras marcantes nascem de um artista inconformado em repetir fórmulas, que ainda que seguras, não abarcam todo o seu anseio criador. O teatro precisa de pesquisa de linguagem, de ousadia para continuar evoluindo. Menção pela contemporaneidade da proposta de encenação para o espetáculo Aviso da Lua que Menstrua, de São Roque.”

Acredite se quiser... O espetáculo foi censurado na cidade de Araçariguama em pleno século XXI. A explicação para isso é que a distinta senhora que ocupava o cargo de chefe da Cultura, alegou que “se tratava de dois homossexuais se atracando no palco...”

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