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quarta-feira, 6 de abril de 2011

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO CIAdeEROS

Foto: Lélis Andrade

Nesta semana a CIAdeEROS comemora seu primeiro aniversário como grupo. Alguns já estão juntos desde janeiro/2010, quando nos reunimos para uma Oficina de Teatro, mas oficialmente a data de criação da companhia foi no dia 09/04/2010.
Como nossa história começou com gesto e poesia, dedico-lhes o sexto poema de "Chuva Oblíqua" de Fernando Pessoa.
O maestro sacode a batuta,
A lânguida e triste a música rompe...
Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar de um cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
 E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal...E a música atira com bolas
À minha infância...E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,

Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Para André, Beatriz, Carolina, Daniela, Fabrício, Gabrielle, Joaquim, Karina, Matheus, Mayara, Rafaela, Renan, Rodolpho e Thais...

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