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quarta-feira, 27 de abril de 2011

TEATRO DE PÁSCOA

Foto: Jennifer Nascimento

O crítico de teatro, ensaísta e professor Jacob Guinsburg define no Dicionário do Teatro Brasileiro, o que se caracteriza como Auto da Paixão: 
"Denominado sucessivamente mistério, auto e drama, a teatralização dos episódios do ministério, do julgamento e do martírio de Cristo é, desde o século XIV, revivida durante o tempo litúrgico da Quaresma. Na relação de obras do teatro jesuítico do século XVI, predominam os motivos hagiográficos (vida de santos) e representações associadas à Igreja triunfante, em razão do empenho sedutor da catequese. O assunto do sacrifício de Cristo, solene e contaminado de tragicidade, expressa-se com maior frequência pela forma processional durante os séculos XVII e XVIII nos aldeamentos e pequenas cidades onde a população desempenha os papéis dessa cena magna do Jesus até o Calvário, é revivida até hoje em todo o país, sendo uma das últimas manifestações do teatro católico ritual".
Em São Roque, falta-me precisão pra informar quantos anos essa manifestação faz parte do ideário da população, com certeza, posso afirmar que é um dos eventos mais importantes da cidade. 
Eu, como público, assisti por duas ou três vezes a encenação em anos passados e no último dia 22, fui uma expectante do Teatro de Páscoa, dirigido por Amanda Sobral com cenografia e figurino de Marco Lessa, que assumiram a responsabilidade de dar continuidade a tradição.
Por sua importância secular no Brasil (uma herança dos colonizadores portugueses) e na cidade, é no mínimo corajosa, a renovação trazida à cena pela direção: 
  • por propor uma "explosão" do espaço (vários espaços da Brasital foram "revisitados"); 
  • por trazer uma proposta artística (e não somente religiosa), 
  • por apresentar concepções ousadas com relação aos figurinos (com vários elementos pagãos), 
  • pela "leitura" do texto (na forma poética dos escritos sagrados), enfim...
Por ter sido testemunha de em espetáculo artístico, caberia críticas mais pontuais, mas isso eu deixo para o ano que vem, quando mais amadurecida pela primeira experiência, a direção saberá contornar os percalços.
O que preciso e devo apontar, por atualmente fazer parte da cena teatral da cidade, é a alegria de ver uma Cultura pulsante. 
Estavam reunidos no Teatro de Páscoa o Grupo Autônomos, a CiadeEros, a Cia de Dança Nó de Nós, o Circo Utopia e alunos do Projeto Guri, além dos "colaboradores" de muitos anos da comunidade. 
Quero afirmar com esse dado que a Páscoa representa, esperança, renovação, ressurreição do amor, da amizade, da alegria de estarmos vivos, então, o Teatro de Páscoa cumpriu com "boniteza" (como diria Paulo Freire) sua missão.


PS: Agradecimentos ao Rodrigo Boccato, Chefe da Divisão de Cultura de São Roque, por sonhar com a gente os nossos sonhos...    
        

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