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terça-feira, 26 de julho de 2011

CAUSOS E POESIAS

"A palavra de um poeta, tocando o ponto exato, abala as camadas profundas do nosso ser." (Gaston Bachelard)


Fiquei pensando o quê escrever sobre o último domingo, quando dentro da programação do "Inverno Cultural" em Canguera, integrantes da CIAdeEROS interpretaram poesias do escritor Roberto Godinho.
Na verdade, a própria poesia de Godinho e as fotos de Mário Barroso, já dizem tudo, então, aí vai...
CINZAS NAS MATAS
...E nas matas
Naqueles odores matinais orvalhados
Pretendo ainda permanecer eu   
Ouvirei os pássaros
Os tatus me darão movimento
Farei parte do solo
Com um pouco de sorte
Daniela Campos
Poderei ser seiva  

Virei essência
Desprendi-me do que podia
Virei resíduo fixo de mim
Pra me incorporar à vida que continua  

Estamos sempre aqui
Somos parte da natureza
Em parte somos gases
Matheus, Dani e Rodolpho
Podemos flutuar    

Em parte somos sólido
Podemos nos fixar
Do líquido que somos
Matheus Pezzotta
Podemos fazer rio e caminhar  

É bom ser solo
Solidário com as minhocas
Sentir pesados pés
Ser parte das árvores
Sem temer o machado
Morar nas nascentes
E gostar de ser puro
Ser parte do ar
Rodolpho Heinz
Sem mudar seu perfume  

É bom estar em casa de novo
Brincar de novo
Nadar em gotas
Desarmar arapucas
Morar na toca do tatu
Subir em árvores por dentro
Não temer espinhos
Não pisar o broto promissor
Ser brinquedo de passarinho
Caminhar no colo dos outros
Refrescar-se de orvalho
Tomar banho de chuva
Não perturbar a quietude
Obedecer à mãe natureza
Falar pela boca da noite
Repousar na paz da mata
Esconder-se no escuro da noite
Achar evidências no claro do dia
Alimentar-se de brisa
Perfumar-se de flores
E viver só de amores                                                                                                                                                                                                                     

E podemos sempre nos encontrar
Venha com delicadeza
Pisa este chão com cuidado
Sempre em silêncio
Sinta o cheiro no ar
E o frescor do ambiente
Apesar da penumbra
Há luz bastante
Para nosso encontro


Responderei a cada gesto seu:
A cada passo um estalo
Para lhe acariciar eu serei folhas
Pra seu repouso eu serei tronco
Pra lhe matar a sede serei água nascente
Na troca de saudades
Eu me manifestarei orvalho
Só não quero tristeza
Porque estarei sempre alegre
Ao poder lhe rever
Pelos olhos da minúscula florzinha


Lélis Andrade como Pierrot


Inverno Cultural
Local: Vinhos Canguera e Restaurante Nostra Villa
Todos os domingos de julho - das 14h às 16h
Produção: D'Aisa Produções Culturais
Próxima atração: 31/07 - Cordas e Cantos com Edson D'Aisa e Matheus Pezzotta
Fotos: Mário Sergio Barroso

   

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